Nunca em 41 anos de história se assistiu a uma domínio dos pilotos portugueses como nesta edição. É certo que o triunfo absoluto de João Ferreira e Filipe Palmeiro foi o quarto alcançado por pilotos portugueses, mas foi também a bandeira nacional que subiu para assinalar a vitória em todas as categorias das quatro rodas, menos uma: apenas não trazemos para casa a taça do primeiro lugar da categoria SSV (T3).
Mas além do triunfo à geral e na categoria T1+, Gonçalo Guerreiro venceu de novo a categoria Challenger (T4), agora ao volante de um Polaris, e Fernando Barreiros foi um sólido resistente na categoria Stock, levando a sua Isuzu D-Max a conseguir mais uma vitória.
E para completar este conjunto de resultados brilhante, não nos podemos esquecer que Francisco Barreto e Carlos Silva asseguraram o top-ten absoluto com a Toyota Hilux, reafirmando que há que contar com eles entre os melhores!

João Ferreira faz história com vitória épica
A Baja Aragón 2025 ficará para sempre marcada como o palco de uma das mais emocionantes conquistas do todo-o-terreno português. O piloto João Ferreira, acompanhado por Filipe Palmeiro, superou todas as adversidades para conquistar a vitória geral por apenas 2 segundos de vantagem sobre o lendário Nasser Al-Attiyah. Este triunfo, o primeiro de Ferreira na Baja Aragón, reafirma o crescente protagonismo de Portugal na elite das Bajas europeias.
A vitória de João Ferreira foi construída com determinação, estratégia e uma recuperação impressionante no último sector selectivo (SS3). Partindo com uma desvantagem de 13.1 segundos, Ferreira imprimiu um ritmo avassalador nos últimos 25 km, recuperando o tempo perdido e cruzando a meta com uma vantagem mínima.
As declarações de João Ferreira à chegada
“A Baja Aragon já não tem segredos para mim e sentia que estava em condições de, mais tarde ou mais cedo, conseguir vencer. O ano passado fomos terceiros, eu e o Filipe Palmeiro. Este ano, enfrentámos de novo uma corrida muito dura, com muita pedra, mas a nossa Toyota comportou-se lindamente e o único problema que tivemos foi um furo, ao início do primeiro dos três sectores selectivos. Já tínhamos vencido o prólogo e sábado ao vencermos o segundo sector selectivo conseguimos conseguimos ficar muito perto da liderança. E nesta manhã de domingo bastaram dois segundos para confirmarmos o primeiro lugar e alcançarmos finalmente a vitória que procurávamos. E este resultado tem um significado ainda maior para mim não só pela diferença quase mínima, mas também por ter conseguido bater dois pilotos que sempre foram meus ídolos, desde a infância, pois cresci a seguir a carreira do Nasser Al-Attiyah e do Nani Roma, que já era pilotos de sucesso quando eu nasci! Não podia estar mais contente. Foi uma corrida incrível, onde cada segundo contou. Esta vitória é para toda a equipa e para Portugal”, declarou João Ferreira, momentos depois de ter chegado a Teruel, no final da Baja Aragon 2025
Portugueses em destaque: domínio e orgulho nacional

A armada portuguesa brilhou em várias categorias, consolidando o seu lugar entre os melhores, Gonçalo Guerreiro venceu a categoria SSV (T4), repetindo o triunfo de 2024 e liderando um pódio 100% português, com Alexandre Pinto em 2.º lugar João Monteiro em 3.º, já Fernando Barreiros dominou a categoria Stock, mostrando consistência e resistência ao longo de toda a prova. Francisco Barreto, acompanhado por Carlos Silva, encerrou o top 10 da geral, consolidando a sua posição entre os melhores.
“Estou naturalmente muito satisfeito com esta vitória, mas este derradeiro dia de prova foi um pouco complicado. Não tínhamos uma grande pressão porque dispúnhamos de alguma margem para o 2º classificado, mas começamos por perder muito tempo de início ao termos de deixar passar o T1+ que partiu um minuto atrás de nós e depois houve sempre muito pó ao longo do percurso. O importante é termos conseguido vencer para retribuir a todos os que nos apoiam”, afirmou no final da prova Gonçalo Guerreiro.
Fernando Barreiros, vencedor da categoria Stock , declarou: “Estou muito satisfeito com esta vitória. Foi uma corrida exigente, como é habitual em Aragón. Tivemos apenas um furo, mas felizmente não comprometeu o nosso desempenho. Parabéns ao meu navegador, que esteve impecável, à equipa de assistência que preparou a D-Max de forma exemplar e aos nossos patrocinadores que tornam possível esta caminhada,”.

Este desempenho confirma o crescente protagonismo de Portugal na elite das Bajas mundiais, com pilotos bem preparados e máquinas competitivas, faltou apenas vencer a categoria Chalenger/T3 para que a armada portuguesa presente nesta Baja Aragon saísse de Espanha com a faena completa, duas orelhas e o rabo…
Em representação feminina e com espírito incansável, Maria Luís Gameiro concluiu a prova no 74º lugar da geral, não conseguindo ir ao encontro dos seus objectivos: Maria Luís Gameiro e Rosa Romero ambicionavam vencer entre as senhoras, mas foram apenas terceiras nesta classificação muito particular, atrás das irmãs Mónica e Marta Plaza, uma saída de estrada no prólogo e um furo em SS2 condicionaram o resultado final. Apesar das exigências extremas do percurso e das condicionantes técnicas que marcaram os primeiros sectores selectivos. a piloto portuguesa tem demonstrado uma garra admirável, enfrentando zonas de navegação complexa e terrenos irregulares com resiliência e dedicação.

Ricardo Porém, que estreava em competição o Kaizen da categoria Chalenger, com produção 100% nacional, não foi feliz “Cometi um erro e abordei uma vala com demasiada velocidade. Parti uma rótula de suspensão devido ao impacto”. Já quanto ao Kaizen disse: “Fantástico! O Kaizen é um carro muito bom e muito bem construído. Não tenho dúvidas que está ao nível dos melhores Challenger da atualidade. Tínhamos carro para lutar pelo pódio.”

A baja em resumo: desafios e emoções
A Baja Aragón 2025 começou com um percurso exigente de 172,71 km entre Argente e Cella. O espanhol Nani Roma, navegado por Álex Haro, foi o mais rápido, seguido de perto por Nasser Al-Attiyah e João Ferreira, que enfrentou um furo antes do km 25, mas ainda assim garantiu o 3.º lugar.
No segundo setor seletivo, com trilhos sinuosos e rápidos entre Torrijo del Campo e Gea de Albarracín, João Ferreira mostrou a sua garra ao vencer por apenas 0.5 segundos de vantagem sobre Al-Attiyah, subindo para a 2.ª posição na geral provisória.
O último setor foi palco de uma das mais emocionantes reviravoltas da história da Baja Aragón. Ferreira, com uma condução precisa e corajosa, recuperou a desvantagem e garantiu a vitória geral, entrando para a história do todo-o-terreno português.
Posição | Piloto (Copiloto) | Viatura | Tempo Total | Diferença |
1º | João Ferreira / Filipe Palmeiro | Toyota Hilux | 5:50:39.6 | — |
2º | Nasser Al-Attiyah / Fabian Lurquin | Dacia andrider | 5:50:41.6 | +2.0s |
3º | Nani Roma / Álex Haro | Ford Raptor | 5:52:21.6 | +1:42.0 |
4º | Saood Variawa / François Cazalet | Toyota Hilux | 5:57:04.8 | +6:25.2 |
5º | Juan Cruz Yacopini / D. Oliveras | Toyota Hilux | 5:59:12.2 | +8:32.6 |
6º | Martin Prokop / Viktor Chytka | Ford Raptor | 6:03:49.4 | +13:09.8 |
7º | Marek Goczal / Michal Marton | Toyota Hilux | 6:03:55.6 | +13:16.0 |
8º | Benediktas Vanagas / Aisvydas Paliukenas | Toyota Hilux | 6:05:37.0 | +14:57.4 |
9º | Lionel Baud / Lucie Baud | MINI JCW Rally | 6:05:54.4 | +15:14.8 |
10º | Francisco Barreto / Carlos Silva | Toyota Hilux | 6:06:42.7 | +16:03.1 |