A 37ª edição da Baja TT Sharish Gin Reguengos de Monsaraz Mourão arrancou com um prólogo electrizante de 5,7 km que serviu de aperitivo para a competição alentejana organizada pela Sociedade Artística Reguenguense. Com uma lista de inscritos de luxo, incluindo nove viaturas da categoria T1+, o espectáculo foi garantido desde os primeiros metros.

O sul-africano Henk Lategan, campeão nacional da Africa do Sul em 2024 e segundo classificado no Dakar, confirmou o favoritismo ao registar o melhor tempo absoluto aos comandos da sua Toyota Hilux da Toyota Gazoo Racing. Com um tempo de 4:21.8, Lategan mostrou porque é considerado um dos pilotos mais rápidos da actualidade, dominando o traçado com precisão e agressividade.
Logo atrás, a apenas 1,2 segundos, surgiu Guillaume de Mévius, ao volante de um Mini da X-Raid Mini JCW. O belga foi navegado por Mathieu Baumel, que regressou às competições após um grave acidente que o deixou sem a perna direita — uma história de superação que dá ainda mais brilho à sua performance. O regresso de Baumel é um dos momentos mais emocionantes desta edição, simbolizando a resiliência e paixão que movem o desporto motorizado.

Mas o verdadeiro destaque do dia veio de Gonçalo Guerreiro, jovem piloto português que, aos comandos de um Polaris RZR PRO R, se intrometeu entre os monstros da categoria T1+ com um tempo de 4:23.9. Foi o melhor entre os SSV e o terceiro mais rápido da geral, uma façanha que surpreendeu até o próprio piloto. “Arrisquei um pouco, porque achei que poderia perder mais tempo para os T1+. Mas consegui um tempo muitíssimo bom. Esta prova tem pistas muito rápidas, menos favoráveis ao meu Polaris, pelo que dei o meu melhor para não ficar muito longe dos primeiros”, declarou Gonçalo, que foi navegado por Joel Lutas.

O quarto tempo foi para o americano Seth Quintero, campeão mundial T3 em 2023, também em Toyota Gazoo Racing, seguido por dois portugueses: João Ferreira, campeão nacional e vencedor da Baja Aragón, e Francisco Barreto, ambos em Toyota Hilux. Estes resultados reforçam a competitividade dos pilotos lusos, que continuam a afirmar-se no panorama internacional.
Nos SSV, Tiago Guerreiro, irmão de Gonçalo, e o britânico Sean Haran também se destacaram, ocupando o 7º e 9º tempo absoluto, respetivamente. Na categoria Challenger, Daniel Silva foi o mais rápido, terminando em 8º da geral com o seu Taurus T3 Max, à frente de Pim Klaassen e Edgar Reis.

Entre os T1 inscritos no evento FIA, César Sequeira, líder da categoria no CPTT, foi o mais rápido com o seu Mercedes, superando Miguel Casaca (VW Amarok) e José Rogeira (Ford Ranger). Curiosamente, Yazeed Alrajhi, vencedor da Taça do Mundo em 2021 e 2022 e actual campeão do Dakar, não foi além do 20º tempo, apesar de ter sido o primeiro a partir para a pista — uma surpresa que poderá ter explicação nas condições do terreno ou na estratégia adoptada.
No evento nacional, a dupla Daniel Pereira/Vasco Franco, em Can-Am Maverick, foi a mais rápida entre os T4, enquanto os espanhóis Juan Gasso/Claudia Brotons, em G Rally OT3, dominaram os T3. Sérgio Matos e Sebastião Dominguez foram os melhores dos T1 em Toyota, e Johannes Senders, na Fiat Fullback Proto, liderou os T8. Leonor Barreto, navegada por Carlos Silva, registou o melhor tempo entre os T9 e também entre as Senhoras, reforçando a presença feminina na competição.

A prova prossegue amanhã com uma dupla passagem por um sector selectivo de 116,16 km entre Granja e Alandroal, onde os pilotos terão oportunidade de consolidar posições ou recuperar tempo perdido. Com um pelotão recheado de talento e máquinas de topo, a Baja TT Sharish Gin promete continuar a oferecer momentos de grande emoção e velocidade pura.
Este arranque deixa antever uma luta intensa entre os favoritos internacionais e os talentos nacionais, com os Guerreiros — literalmente e figurativamente — a mostrar que Portugal tem muito para oferecer no mundo do todo-o-terreno.
