O Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) entra na fase decisiva e promete emoções fortes com a realização do Rali da Água Transibérico Eurocidades Chaves-Verin, nos dias 19 e 20 de Setembro, atravessando as belas estradas transmontanas e galegas. Kris Meeke, ao volante do Toyota GR Yaris Rally2 da Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal, parte para esta ronda com uma confortável vantagem na classificação geral e na luta pelo título.

Com quatro vitórias, um segundo lugar e apenas uma desistência, Meeke posiciona-se estrategicamente para renovar o título, beneficiando da regra que permite descartar o pior resultado — contam as 7 melhores pontuações das 8 provas do calendário. Ao contrário dos seus principais rivais, Meeke não tem ainda que descartar qualquer resultado, reforçando assim o seu domínio nesta fase. Armindo Araújo, vice-líder da geral, terá de gerir as pontuações descartadas e espera manter a consistência que a dupla tem demonstrado, pontuando em todas as provas realizadas até ao momento. O espanhol Dani Sordo, também com um resultado já descartado, permanece uma ameaça, aumentando a expectativa para uma discussão do título que só deverá ficar fechada na derradeira jornada.

Além dos três favoritos, José Pedro Fontes (Citroen C3 Rally2), Ricardo Teodósio (Toyota GR Yaris Rally2), Pedro Meireles (Skoda Fabia RS Rally2) e João Barros (Skoda Fabia RS Rally2) — este último de regresso ao CPR — figuram entre os candidatos aos lugares cimeiros, especialmente ao tão cobiçado “top 5”. Hugo Lopes, no Hyundai i20 N Rally2 do Hyundai Júnior Team FPAK, também regressa para animar ainda mais a competição. Estes pilotos são conhecidos por protagonizar surpresas em provas decisivas, podendo alterar significativamente a classificação final.
No CPR 2RM (duas rodas motrizes), Ricardo Sousa destaca-se como o nome a bater, após três vitórias consecutivas (Algarve, Aboboreira e Castelo Branco) e um segundo lugar na Madeira, consolidando a liderança. Entre os adversários de peso figuram Henrique Moniz, Guilherme Meireles e Anton Korzun, todos em Peugeot 208 Rally4, num campeonato que se tem caracterizado pelo equilíbrio e talento emergente.

No Campeonato de Portugal Júnior, Guilherme Meireles (Peugeot 208 Rally4) parte para esta penúltima etapa com 7 pontos de vantagem sobre Pedro Gastão (Renault Clio Rally5), enquanto Danny Carreira (Peugeot 208 Rally) mantém-se na disputa, a 14 pontos da liderança. O rali é ainda a segunda de cinco jornadas do FPAK Júnior Team, onde Pedro Câmara Jr, após uma exibição dominante em Castelo Branco, procura afirmar-se diante de António Santinho Mendes, Afonso Santos, José Coelho Lima e Luís Mendes, todos em Peugeot 208 Rally6, prometendo mais uma luta renhida até à última especial.
O evento, organizado pelo CAMI Motorsport, apresenta um programa competitivo e diversificado, com nove provas especiais de classificação (PEC) ao longo de dois dias. O primeiro dia arranca com uma saída simbólica do Pré-Parque, seguida das já famosas PECs Alto Tâmega, Transibérico e Eurocidades, culminando na espectacular Rota Termal-City Stage, uma classificativa nocturna que promete atrair milhares de adeptos. O segundo dia reserva as duras e técnicas especiais de Verin, Chaves e Termas de Chaves, antes da consagração dos vencedores no pódio da Alameda do Tabuado.
As previsões meteorológicas apontam para possíveis aguaceiros na fase inicial do rali, o que pode dificultar a escolha de pneus e tornará algumas zonas das especiais particularmente traiçoeiras e técnicas, sobretudo nas passagens por zonas de montanha e troços rápidos junto à fronteira.

Num momento em que o CPR atinge níveis de competitividade inéditos, as declarações dos protagonistas reflectem a intensidade e ambição que marcam esta fase do campeonato:
José Pedro Fontes sublinha o impacto positivo do pódio alcançado na Madeira e a motivação da equipa: “Chegamos a Chaves e Verín com motivação extra. O pódio na Madeira deu-nos confiança e mostrou que temos ritmo para lutar pelos primeiros lugares. Foi um prémio para toda a equipa, que tem trabalhado arduamente para chegar ao topo. Tínhamos a certeza que seria apenas uma questão de tempo até regressarmos aos pódios. Agora, teremos pela frente uma prova muito exigente, mas queremos estar novamente na discussão pela vitória. O público transfronteiriço é sempre fantástico e queremos dar-lhes um grande espectáculo.”
Armindo Araújo, vice-líder do campeonato, destaca a regularidade como chave para o sucesso nesta recta final: “Somamos pontos e bons resultados em todos os ralis e queremos manter esse registo nesta prova. Estamos, como sempre, focados e motivados para continuar a dar o máximo.”

Ricardo Teodósio, focado e determinado, aponta as especificidades das especiais de Chaves-Verin: “Chegamos ao Rali da Água com grande motivação. É uma prova muito particular, com especiais rápidas, mas também traiçoeiras, sobretudo se houver chuva, como indicam as previsões para o dia de sábado. Trabalhámos bastante para encontrar a melhor afinação possível e acredito que temos argumentos para lutar pelos lugares da frente. Nesta fase da época, somar pontos é importante, mas o nosso grande objectivo passa por dar uma grande alegria aos nossos fãs e lutar pela vitória numa das duas provas que faltam disputar. Vamos dar tudo em cada quilómetro.”

Rúben Rodrigues, cada vez mais adaptado ao Toyota GR Yaris Rally2, mostra confiança numa evolução contínua: “Vamos melhorando prova a prova e, na verdade, estamos cada vez mais confiantes e competitivos. Para mim esta é uma prova nova, mas queremos alcançar um resultado melhor que o que alcançámos na Madeira. Cada vez mais temos melhores afinações no carro, o que me faz ficar bastante contente e confiante. Quero deixar um agradecimento especial a todos os nossos patrocinadores e à nossa equipa, que nos dão a motivação necessária para alcançar os nossos objectivos.”

Ernesto Cunha, após um abandono no Rali da Madeira, regressa determinado: “Vamos tentar entrar da melhor forma em prova para minimizar os riscos e conseguirmos fixar-nos no Top-10 entre os concorrentes do Campeonato. Voltamos ao período de adaptação com este novo carro, uma vez que não completámos todos os quilómetros no Rali da Madeira. Acima de tudo, vamos procurar amealhar um bom conjunto de pontos nas últimas provas da época.”

Paulo Neto regressa ao campeonato após um acidente, agora com Carlos Magalhães como navegador e com foco na recuperação: “Recuperar a confiança perdida com aquele susto que tivemos com a saída de estrada na Madeira é sem dúvida o principal objectivo. Há quatro anos que não faço esta prova, e a ideia é mesmo terminar o rali e, desta vez, sem sustos… Nesta prova vou contar com a enorme experiência do Carlos Magalhães no banco do lado, precisamente para tentar ganhar a necessária confiança. Quero destacar a eficiência da ARC Sport, que reparou o carro em tempo recorde.”
O Rali da Água Transibérico Eurocidades Chaves-Verin promete assim ser um palco decisivo para o desfecho do CPR 2025, oferecendo aos adeptos portugueses e espanhóis espectáculo, competição ao mais alto nível e a oportunidade de assistir a alguns dos melhores pilotos de ralis da actualidade a lutar pela glória. Se Meeke parte com favoritismo, a história recente deste campeonato mostra que tudo pode acontecer até ao último quilómetro da última especial.
