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Arranque Vibrante do bp Ultimate Rally Raid Portugal: Lategan e Sanders em Destaque na Primeira Etapa

O bp Ultimate Rally Raid Portugal deu o pontapé de saída para mais uma edição repleta de emoção, com a etapa inaugural a desenrolar-se entre os trilhos do Alentejo e a prometer desde já uma competição renhida entre os principais protagonistas do Mundial de Rally-Raid. A prova, organizada pelo Automóvel Club de Portugal, arrancou verdadeiramente a sério com uma tirada de 302 km cronometrados, marcada por alternâncias constantes na liderança, incidentes marcantes e declarações que revelam a determinação dos principais pilotos.

Etapa Inaugural: Percurso, Ritmo e Competitividade Elevada

A chamada “Dakar europeu” arrancou com grande intensidade nas estradas alentejanas, onde os pilotos imprimiram um ritmo muito forte ao longo do setor seletivo. O traçado, exigente e variado, proporcionou diferenças curtas entre os favoritos, com os três primeiros classificados dos carros separados por apenas 1m52s. Quatro pilotos passaram pela liderança ao longo do dia, refletindo a competitividade da jornada inaugural e a imprevisibilidade que pauta esta edição.

Carros: Evolução da Liderança, Incidentes e Penalizações

No setor dos automóveis, o sul-africano Henk Lategan (Toyota Hilux T1+ Evo) foi o grande protagonista do dia, ao impor um ritmo elevado na segunda metade do percurso e assegurar a vitória na etapa, a sua quarta em provas do Campeonato do Mundo de Rally-Raid (W2RC). “A etapa foi extremamente exigente. Tive um bom dia, fiz uma condução limpa e diverti-me a conduzir o carro. Estou a gostar bastante de fazer esta prova na Europa”, afirmou Lategan, que parte para a etapa espanhola com uma vantagem de 1m51s sobre o brasileiro Lucas Moraes.

O dia ficou igualmente marcado pelo desempenho consistente de Lucas Moraes (Toyota), que beneficiou da penalização de dois minutos aplicada a Nasser Al Attiyah (Dacia Sandrider) para ascender ao segundo lugar. Moraes descreveu a etapa como “muito intensa, com diferentes tipos de curvas e muitas passagens de caixa”, destacando o ambiente proporcionado pela organização e pelo público português.

O português João Ferreira (Toyota Hilux T1+ Evo) confirmou as expectativas e esteve também na liderança em vários momentos, mas viu a sua prova afetada pelo pó levantado pelos adversários e por problemas de travões. Ainda assim, o piloto luso beneficiou da penalização de Al Attiyah para fechar o dia no terceiro posto, a apenas um segundo de Moraes, sendo o melhor português em prova. “Etapa muita dura, longa e difícil. Pisos mais escorregadios do que estávamos à espera e onde era fácil cometer erros. Não perdemos muito tempo para os primeiros e a etapa de amanhã vai ser muito importante”, destacou Ferreira.

Já Nasser Al Attiyah, determinado em vencer a prova, terminou o setor como segundo mais rápido, mas uma penalização relegou-o para a quinta posição. “Classificativa difícil, não sei se fiz, ou não, um bom trabalho. O set up do carro não era o melhor e temos de mudar para a próxima etapa. Espero ter um dia melhor amanhã”, comentou o piloto do Qatar, que mantém a ambição de lutar pelo título mundial.

O dia não foi isento de incidentes: Marcos Baumgart capotou o seu Toyota e ficou fora de prova, enquanto Seth Quintero perdeu mais de 17 minutos devido a uma intervenção técnica. Carlos Sainz, por sua vez, sofreu um furo no Ford Raptor T1+, condicionando o seu desempenho.

Categoria Challenger e SSV: Portugueses em Destaque

Na categoria Challenger, o duelo entre Gonçalo Guerreiro (Taurus Evo Max) e Mattias Ekström (Can-Am XRS) foi renhido ao segundo, com o piloto português a liderar até aos 10 km finais, altura em que um problema técnico o fez perder 2m30s e descer ao segundo lugar da categoria (12.º da geral). “Foi pena, porque estávamos a liderar. Não estou satisfeito, mas vamos lutar com toda a determinação”, garantiu Guerreiro.

No SSV, Alexandre Pinto (Polaris RZR) não deu hipótese à concorrência, mantendo-se sempre na frente e conquistando uma vantagem confortável sobre Enrico Gaspari. “Tivemos um dia positivo. Optámos por uma abordagem cautelosa, com o objetivo de chegar ao fim e, pelos vistos, o andamento até foi engraçado. Há muita corrida pela frente, mas estamos com um bom início”, sublinhou o piloto português, que ocupa o 15.º lugar da geral e reforça a candidatura ao título mundial.

Motos: Domínio Australiano e Portugueses em Prova

Entre as motos, Daniel Sanders (KTM 450 Rally) foi imperial, vencendo ambos os setores seletivos e terminando o dia com 1m11s de avanço sobre Adrien Van Beveren (Honda CRF 450 Rally) e 1m32s para Tosha Schareina (Honda CRF 450 Rally). As condições do piso, muito escorregadio e agressivo para os pneus, dificultaram a tarefa dos pilotos, mas Sanders não escondeu a satisfação: “Piso muito escorregadio, foi difícil ser rápido, mas sobrevivi. Agora é pensar na etapa seguinte”.

O melhor português foi Bruno Santos (Husqvarna FR450 Rally), 13.º classificado, satisfeito com o resultado face às adversidades: “Foi bastante desafiante e diferente do ano passado, com piso muito seco e duro. Tinha pouca tração e, no final, o terreno era arenoso e o pneu traseiro estava gasto. Estou bastante satisfeito com o resultado, até porque larguei de uma posição secundária e, aos 10 km, já estava a apanhar o pó de outros pilotos”.

Antevisão: Segunda Etapa Promete Desafios Redobrados

Amanhã disputa-se a segunda etapa, a mais longa da prova, com partida de Grândola e chegada a Badajoz. Serão 655 km, dos quais 429 km cronometrados, atravessando zonas de Ponte de Sor e Mação, com estradões ladeados por eucaliptos e pinheiros, troços arenosos e pisos duros e montanhosos. O final será já em território espanhol, com chegada à feira de Badajoz, junto à fronteira, onde o bivouac estará aberto ao público entre as 18h e as 23h (hora espanhola).

Ambiente e Expectativas: Entusiasmo nas Estradas e Luta Acesa

A etapa de abertura do bp Ultimate Rally Raid Portugal demonstrou, desde logo, o elevado nível de competitividade e a capacidade dos principais pilotos para superarem adversidades. O ambiente nas estradas, com forte apoio do público e organização elogiada pelos participantes, reforça a aura desta competição. Com as diferenças reduzidas na frente e percursos exigentes pela frente, antecipa-se uma luta cerrada nas próximas etapas, tanto nos automóveis como nas motos e nas categorias Challenger e SSV.

Classificações Detalhadas

Classificação 1.ª Etapa – Autos:

1.º Henk Lategan (Toyota Hilux T1+ Evo), 2h30m21s

2.º Lucas Moraes (Toyota Hilux T1+ Evo), a 1m51s

3.º João Ferreira (Toyota Hilux T1+ Evo), a 1m52s (1.º português)

4.º Saood Variawa (Toyota Hilux T1+ Evo), a 3m03s

5.º Nasser Al Attiyah (Dacia Sandrider), a 3m37s

Classificação 1.ª Etapa – Motos:

1.º Daniel Sanders (KTM 450 Rally), 2h43m40s

2.º Adrien Van Beveren (Honda CRF 450 Rally), a 1m11s

3.º Tosha Schareina (Honda CRF 450 Rally), a 1m32s

4.º Ross Branch (Hero 450 Rally), a 2m46s

5.º Luciano Benavides (KTM 450 Rally), a 4m16s

13.º Bruno Santos (Husqvarna FR450 Rally), a 10m06s (1.º português)