O Rali de Fafe foi o palco de um desfecho memorável para Mário Castro e Ricardo Cunha, dupla que conquistou o título das Duas Rodas Motrizes (2RM) do Campeonato Norte de Ralis (CNR) ao volante do Renault Clio RS. A vitória à geral entre os concorrentes do CNR, na última prova da temporada, foi o culminar de uma época marcada pela consistência, superação e emoção.

“Carimbar o título nas 2RM em Fafe, e com uma vitória à geral no CNR, foi especial…”, afirmou Mário Castro, visivelmente emocionado, perante o seu público. Para o piloto da Liber Jeans, correr em Fafe tem sempre um sabor especial, não só por ser “em casa”, mas também pela responsabilidade acrescida de confirmar o título perante muitos adeptos.
Apesar de entrar na prova com uma vantagem confortável, Castro não facilitou. “À partida para o rali sabíamos que só muito azar nos dois ralis que faltavam nos poderia tirar o título, mas eu, melhor que ninguém, sei o que é perder por ‘uma unha negra’ e por isso nunca facilitamos na preparação das provas.” A experiência amarga de Viana do Castelo, onde um furo impediu a vitória, reforçou a prudência da equipa: “Já em Viana, um furo retirou-nos a possibilidade de vitória e isso só veio demonstrar que nada estava garantido, ainda mais quando estava a lutar com dois jovens cheios de sangue na guelra.”

A estratégia para Fafe era clara: garantir o título sem riscos desnecessários. No entanto, a vontade de vencer em casa falou mais alto. “Nós não precisávamos de arriscar nada para lutar pela vitória em Fafe, mas ao mesmo tempo também queríamos fazer um bom rali e, se possível, fechar de vez as contas do campeonato.”
O início da prova foi forte, mas com margem de s egurança. Rafael Cunha, sobrinho e rival direto de Mário Castro, mostrou ritmo competitivo com o Ford Fiesta R200, obrigando o piloto da Liber Jeans a reagir. “Entrámos bem, mas com margem em termos de andamento, e o Rafael mostrou, e bem, que não estava no rali para me facilitar a vida. Então decidi responder na especial seguinte e, felizmente, conseguimos mostrar que, se fosse necessário, ainda teríamos argumentos para andar mais rápido.”
A disputa entre tio e sobrinho foi intensa e exemplar, marcada por respeito mútuo e velocidade. “O Rafa não baixou os braços, mas nós respondemos outra vez, e desta feita abrindo uma vantagem, ainda que curta, mas suficiente para demonstrar que só um azar nos retiraria a vitória.”
Com o rali sob controlo, a dupla Castro/Cunha confirmou a vitória à geral entre os concorrentes do CNR, triunfou nas 2RM e garantiu matematicamente o título. “Chegados ao final do rali, vencemos à geral do CNR, vencemos também nas 2RM e, mais que tudo, carimbámos o título. Esta foi uma época desafiante a vários níveis, mas penso que eu, o Ricardo e o nosso preparador, Auto Docim, merecemos este desfecho.”

O título é o reflexo de um trabalho consistente e de uma equipa coesa. Mário Castro não esconde o orgulho por ver crescer os que o acompanham: “Fico extremamente feliz por ver o Rafael e o Gonçalo terminarem como vice-campeões. Cresceram comigo, acompanharam-me nas corridas, tornaram-se piloto e navegador na ‘minha equipa’ e vê-los alcançar este nível é um orgulho enorme. Estou certo de que, não tardará muito, também eles serão campeões.”
O novo campeão das 2RM não esqueceu os adversários nem os colegas de campeonato, deixando uma palavra ao vencedor absoluto: “Os meus parabéns ao Tiago pelo título absoluto, que lhe assenta muito bem.”
A fechar, Mário Castro fez questão de agradecer a todos os que tornaram possível esta conquista: “Um muito obrigado ao meu preparador e amigo José Carlos Pereira, por tudo o que tem feito por mim ao longo destes anos, entregando-me sempre um carro competitivo. Obrigado, também ao meu navegador, Ricardo Cunha, por toda a dedicação que incute neste nosso desafio. Ele merece este título tanto ou mais do que eu. Agradeço igualmente aos meus patrocinadores, que me proporcionaram as condições para fazer o meu trabalho da melhor forma, e à minha família, em especial à minha esposa e filhos, pelo apoio e paciência e pelas vezes em que têm de aturar o meu mau feitio quando as coisas não correm como eu desejaria!”
Com o título conquistado e uma vitória “em casa”, Mário Castro e Ricardo Cunha encerram a temporada com mérito e emoção, confirmando o estatuto de uma das duplas mais consistentes e competitivas do Campeonato Norte de Ralis.

