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WRC: Lynk & Co pode salvar a M-Sport no WRC 2027

A M-Sport, lendária preparadora fundada por Malcolm Wilson, atravessa um momento decisivo na sua história. Desde os anos 80 que a equipa britânica tem sido sinónimo da Ford nos ralis, mas os novos regulamentos do Mundial de Ralis (WRC), previstos para 2027, podem marcar uma ruptura. A marca da oval azul, que sempre esteve presente ao lado da M-Sport, dá sinais claros de desinteresse pela disciplina, ao mesmo tempo que redirecciona os seus investimentos para outras frentes competitivas.

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Segundo a publicação italiana TuttoRally e confirmado por meios como o AutoSport, a Ford dificilmente renovará a homologação dos seus modelos actuais – o Puma Rally1 e o Fiesta WRC2 – e não demonstra vontade de desenvolver um novo carro para o futuro. O foco está agora na Fórmula 1, onde fornecerá motores à Red Bull a partir de 2026, e nos ralis-raid, com forte aposta nas pick-ups Raptor.

Malcolm Wilson e a sua estrutura em Cumbria não escondem a preocupação. “Estamos a analisar todas as opções para garantir que a M-Sport continua no WRC. O futuro da Ford é incerto e não podemos ficar parados”, terá confidenciado o responsável, segundo fontes próximas da equipa.

É neste contexto que surge a hipótese da Lynk & Co, marca chinesa do grupo Geely, que já detém a Volvo e tem um currículo impressionante no WTCR/TCR World Tour, onde conquistou nove títulos em sete temporadas. A entrada da Lynk & Co no WRC seria um passo estratégico para reforçar a sua presença global e diversificar o portefólio desportivo. Para a M-Sport, seria a oportunidade de manter a sua experiência e estrutura, mas com um novo construtor a dar o nome e a carroçaria aos futuros carros WRC27.

O cenário ganha ainda mais relevância quando se olha para o panorama geral do campeonato. A FIA insiste que haverá cerca de 20 carros na grelha em 2027, mas a incerteza sobre o número de construtores é real. A possível saída da Ford poderia deixar o WRC fragilizado, mas a entrada da Lynk & Co, somada ao regresso da Lancia com um novo Rally2 já confirmado para Monte Carlo, seria um sinal de vitalidade para a disciplina.

Richard Millener, diretor da equipa M-Sport, sublinhou recentemente ao DirtFish que “a promoção e direção do WRC serão determinantes para as nossas decisões futuras”. Ou seja, a continuidade da equipa depende não só de encontrar um novo parceiro, mas também da forma como o campeonato se posiciona e atrai investimento.

Em termos práticos, a transição para a Lynk & Co seria semelhante ao modelo já utilizado pela M-Sport em colaborações anteriores, como com a Bentley nos GTs. A equipa britânica ficaria responsável pelo desenvolvimento técnico e operacional, enquanto a marca chinesa forneceria identidade e investimento.

Embora ainda não exista qualquer anúncio oficial, o cenário é plausível e cada vez mais discutido nos bastidores: a Ford poderá estar a fechar o capítulo do WRC, mas a M-Sport, com a Lynk & Co, poderá estar a abrir um novo. Uma mudança que preservaria a herança e know-how da equipa britânica, ao mesmo tempo que introduziria uma marca com provas dadas e ambição global.

O WRC prepara-se para uma nova era técnica em 2027. Se a Lynk & Co avançar, não será apenas uma mudança de nome: será um sinal de que o campeonato continua a atrair novos protagonistas, mesmo quando alguns históricos decidem sair de cena.