Expectativa máxima no bp Ultimate Rally Raid Portugal: Lucas Moraes e Henk Lategan separados por 34 segundos, portugueses em destaque e consagração à vista

Depois de cinco dias intensos de competição, percorrendo mais de 1.400 quilómetros pelos desafiante estradões de terra do Alentejo, Ribatejo e Estremadura espanhola, o bp Ultimate Rally Raid Portugal aproxima-se do seu clímax. O evento, único em solo europeu a integrar o Campeonato do Mundo de Rally Raid (W2RC), chega à derradeira etapa com a emoção ao rubro: apenas 34 segundos separam os dois primeiros classificados na categoria de carros, prometendo um duelo de cortar a respiração entre Lucas Moraes (Brasil) e Henk Lategan (África do Sul), ambos em Toyota Hilux T1+ EVO. Paralelamente, paira no ar a possibilidade de Portugal celebrar um novo campeão do mundo, com Alexandre Pinto (Polaris) muito perto de conquistar o título global na categoria SSV.
Decisão ao Cronómetro: Moraes vs Lategan

A luta pelo triunfo entre carros assume contornos épicos. Se, à partida para a quarta etapa, Moraes e Lategan estavam separados por 57 segundos, a chegada a Lisboa encurtou essa diferença para apenas 34 segundos, mantendo o brasileiro na liderança. O duelo interno da Toyota Gazoo Racing W2RC tem sido marcado por uma gestão criteriosa do ritmo e pela pressão constante, como assinalou Lucas Moraes: “Foi uma etapa feita com muita cabeça, em que tentei acompanhar o ritmo do Henk.” A margem mínima mantém todas as possibilidades em aberto para a etapa decisiva, que será disputada este domingo entre os concelhos de Coruche e Salvaterra de Magos, numa extensão cronometrada de 103 quilómetros.
Portugueses em Destaque: Alexandre Pinto Perto da Glória Mundial

Se nos carros a luta é internacional, nas outras categorias Portugal pode viver um momento histórico. Alexandre Pinto, aos comandos do seu Polaris, está a escassos metros de assegurar o título mundial de SSV, ocupando o segundo lugar da categoria (16º da geral), após uma etapa limpa e sem sobressaltos. “Estou mais perto do objetivo final, mas até ao último minuto ainda muito pode acontecer, embora esteja tudo bem encaminhado”, afirmou com cautela o piloto português.

Também nos Challenger, Gonçalo Guerreiro (Taurus Evo Max) continua a brilhar, liderando a categoria após um andamento impressionante ao longo da prova. Terminou a quarta etapa no 11.º posto da geral e parte para o último dia com 36 segundos de vantagem sobre Cristina Gutiérrez (Dacia Sandrider), de olho não só no pódio de categoria mas também no top 5 absoluto. “Fizemos uma boa etapa, apesar das dificuldades em Espanha com o road book e de um pequeno toque com a roda traseira esquerda que empenou a jante. Estamos na frente com uma boa vantagem, agora é só terminar a prova”, referiu Guerreiro, espelhando o espírito de resiliência dos pilotos lusos.
Os resultados nacionais não se esgotam aqui: Luis Cidade (Can-Am Maverick) triunfou entre os SSV na etapa, enquanto Martim Ventura (Honda) foi o mais rápido da categoria Rally2 das motos, reforçando o protagonismo português no pelotão internacional.
Resumo da 4.ª Etapa: Domínio da Dacia, Desistências e Emoção

O sábado ficou marcado pela quarta etapa, que ligou Badajoz a Lisboa, numa secção seletiva exigente de 274 km, onde a Dacia voltou a mostrar supremacia, conquistando pelo terceiro dia consecutivo o melhor tempo em estrada. Nasser Al Attiyah, tricampeão do mundo, celebrou o regresso do seu Dacia Sandrider à máxima performance: “Finalmente, tenho o problema de travões resolvido. Infelizmente, a etapa de amanhã é muito curta e não vai dar para mudar nada para mim”, lamentou o piloto do Qatar, que somou a 47.ª vitória em etapas no W2RC. Sébastien Loeb reforçou o domínio da equipa ao ascender ao terceiro lugar da geral, apesar das dificuldades: “Fiz uma boa etapa, mas o percurso não era nada fácil. A estratégia para amanhã é andar o melhor que conseguir”, explicou o francês.
A dureza do percurso ficou patente nas desistências de nomes sonantes. Carlos Sainz, ao volante do Ford Raptor T1+, viu a sua prova terminar abruptamente ao quilómetro 140: “Tínhamos começado bem a etapa, mas ao km 140 apanhámos uma pedra que não vimos e perdemos o fluido da direção assistida. Sem isso, os macacos não funcionaram e, ao tentar levantar o carro para mudar o pneu, tivemos um problema com a embraiagem. Uma pena, estávamos a lutar pelo pódio”, desabafou Sainz. Seth Quintera (Toyota Hilux T1+ Evo) e o português João Ferreira também foram forçados a abandonar, este último devido a um problema de transmissão: “Não terminámos porque tivemos um problema nos primeiros 50 km. Estávamos a liderar a etapa até lá, mas foi um pequeno problema, consequência de um erro meu no dia anterior. É uma pena, foi um dia difícil para mim e para a equipa”, confessou Ferreira, salientando a necessidade de converter vitórias em etapas em triunfos absolutos.

A emoção da competição é ilustrada pelos testemunhos dos protagonistas. Para além das já citadas palavras de Moraes, Guerreiro, Pinto e Ferreira, destaque ainda para Saood Variawa (Toyota Gazoo Racing, Toyota Hilux EVO), que relatou as dificuldades no terreno: “Foi um dia de altos e baixos. Perdemos algum tempo, ficámos presos no pó durante cerca de 150 km. Não foi o melhor dos dias, mas conseguimos acelerar um pouco no final. Gostei muito das estradas, acho que o nosso ritmo foi bom no fim. Vamos ver como corre amanhã, ainda estamos na corrida e esperamos terminar.”
O ambiente de superação estende-se a toda a caravana, com pilotos a enfrentarem adversidades mecânicas, navegação exigente e a pressão de segundos que podem decidir títulos mundiais.
Classificação Geral após a 4.ª Etapa
No final da quarta etapa, a classificação dos principais concorrentes na categoria de carros apresenta-se assim:
- 1.º Lucas Moraes (Toyota Hilux T1+ Evo), 11h11m40s
- 2.º Henk Lategan (Toyota Hilux T1+ Evo), a 34 segundos
- 3.º Sébastien Loeb (Dacia Sandrider), a 10m42s
- 4.º Christian Baumgart (Toyota Hilux T1+ Evo), a 16m33s
- 5.º Cristina Gutiérrez (Dacia Sandrider), a 23m17s
- 6.º Gonçalo Guerreiro (Taurus Evo Max), a 23m53s (melhor português)
Programa da Etapa Final: Lisboa-Lisboa
O desfecho do Rally Raid Portugal está agendado para domingo, 28 de setembro, com uma última etapa de 103 km cronometrados, tendo como palco os concelhos de Coruche e Salvaterra de Magos. Eis o programa detalhado:
- 06h30 – Partida da 1.ª moto da Doca de Pedrouços
- 08h40 – Partida do 1.º carro da Doca de Pedrouços
- 12h50 – Cerimónia de pódio das motos no Padrão dos Descobrimentos
- 13h20 – Chegada da 1.ª moto ao bivouac na Doca de Pedrouços (hora estimada)
- 15h00 – Cerimónia de pódio dos carros no Padrão dos Descobrimentos
- 15h30 – Chegada do 1.º carro ao bivouac na Doca de Pedrouços (hora estimada)
- 19h00 – W2RC Cerimónia de Medalhas
Considerações Finais: Expectativas e Impacto para Portugal
O bp Ultimate Rally Raid Portugal vive as suas horas mais decisivas, com a expectativa de um final ao cronómetro entre Lucas Moraes e Henk Lategan, e a possibilidade de Portugal ver Alexandre Pinto, Gonçalo Guerreiro e João Dias subirem ao topo do mundo nas respetivas categorias. A organização do Automóvel Club de Portugal, os milhares de quilómetros percorridos e a presença de equipas e pilotos de topo mundial transformaram a prova num autêntico palco de consagração do desporto motorizado nacional. Resta agora esperar pelo cair da bandeira de xadrez em Lisboa para celebrar vencedores e, quem sabe, um novo campeão do mundo com sotaque português.