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Loeb recupera, Lategan vence e portugueses resistem na etapa mais imprevisível do Rallye du Maroc

A terceira etapa do Rallye du Maroc 2025 foi tudo menos previsível. Com 298 km cronometrados entre Fès e Erfoud, a tirada revelou-se um verdadeiro xadrez em movimento, onde os favoritos trocaram posições ao longo do dia e a liderança da geral oscilou como uma bússola em tempestade de areia. No final, Henk Lategan (Toyota Gazoo Racing) assinou a vitória da etapa, Sébastien Loeb (Dacia Sandriders) recuperou a liderança da geral, e os portugueses, apesar de contratempos, mantêm-se na luta.

A dança dos líderes: ritmo, estratégia e reviravoltas

Logo aos 34 km, Loeb liderava por um segundo sobre Mattias Ekström (Ford M-Sport), com Saood Variawa (Toyota) a apenas quatro segundos. Lategan e Seth Quintero, largando de trás após desaires na véspera, mostravam ritmo de ponta e já figuravam entre os cinco primeiros. Ekström dominou até ao km 116, mas Lategan passou para a frente no km 154, apenas para ser superado por Loeb no km 181. A liderança virtual oscilava entre Loeb, Moraes e Ekström, numa sequência de trocas que manteve a etapa em suspenso até ao fim.

No final, Lategan cruzou a meta com o melhor tempo (3h29m48s), seguido por Quintero (+46s) e Loeb (+57s). Al-Attiyah foi quarto (+1m42s), enquanto Ekström fechou o top 5 (+5m51s). Lucas Moraes, que chegou a liderar a geral, terminou em 9.º na etapa, a 7m38s.

Loeb volta ao topo, Al-Attiyah aproxima-se de Moraes

Sebastian Loeb lidera o Rallye du Maroc

Com o terceiro lugar na etapa, Loeb recuperou a liderança da classificação geral, beneficiando da consistência e da navegação limpa. Já Nasser Al-Attiyah, que começou o rali em 20.º, continua a sua recuperação notável: é agora quinto da geral, a apenas 3m30s de Lucas Moraes, e já soma 7 pontos de bónus, contra 6 do brasileiro.

“Foi uma etapa muito boa para nós. O carro esteve impecável e conseguimos manter um ritmo forte nas dunas. Ainda há muito para jogar”, comentou Loeb no final da tirada. Al-Attiyah, por sua vez, mantém o foco: “O plano é claro: vamos pressionar até ao fim.”

Carlos Sainz (Ford Raptor) foi um dos grandes azarados do dia. Um problema técnico forçou-o a abandonar ao km 58, pouco antes das dunas de Merzouga. “Foi um dia duro. Tivemos um problema técnico e tivemos de parar. A equipa já está a trabalhar para voltarmos amanhã. É uma pena, mas continuamos a aprender e a preparar o Dakar”, declarou o espanhol.

João Ferreira perde tempo, mas mantém-se no top 5

Entre os portugueses, João Ferreira e Filipe Palmeiro viveram uma etapa de altos e baixos. Após um início sólido, com tempos competitivos até ao km 154, a dupla perdeu tempo entre os km 181 e 277, terminando a etapa em oitavo lugar, a 7m33s do vencedor. Ferreira caiu do terceiro para o quarto lugar da geral, agora a 5m35s de Loeb.

“Foi uma etapa muito longa e difícil para nós. Tivemos um furo logo no início, depois as dunas não correram como esperávamos e perdemos muito tempo. Recuperámos um pouco no final, mas perdemos bastante. Acho que estamos em quarto da geral, a cerca de cinco minutos e meio do líder. Ainda temos dois dias pela frente, amanhã partimos mais atrás, talvez possamos recuperar algum tempo. Cabeça baixa e vamos continuar”, disse Ferreira, com realismo e determinação.

Desastre nos Challenger, surpresa nos SSV

Na categoria Challenger (T3), a etapa foi um autêntico pesadelo para os líderes Yasir Seaidan e Charles Munster, ambos forçados a abandonar. Pau Navarro assumiu a liderança da geral, com apenas 73 segundos de vantagem sobre Nicolás Cavigliasso. Dania Akeel venceu a etapa e subiu de 13.º para 9.º, enquanto Puck Klaassen, vencedora da véspera, é agora terceira da geral — um feito notável para a piloto neerlandesa.

Nos SSV (T4), Francisco López Contardo (Can-Am) venceu pela segunda vez consecutiva, liderando uma armada da Can-Am Factory Team que ocupou os quatro primeiros lugares da etapa. Jeremías González Ferioli mantém-se na frente da geral, com Hunter Miller e López Contardo a disputarem o segundo posto.

Expectativa para as últimas etapas

Com duas etapas por disputar, o Rallye du Maroc 2025 entra na sua fase decisiva. A luta pelo título na Ultimate está ao rubro, com Loeb, Moraes e Al-Attiyah separados por menos de seis minutos. Nos Challenger e SSV, as reviravoltas continuam a marcar o ritmo, e os portugueses, apesar dos percalços, mantêm-se bem posicionados para fechar o rali com destaque.

Amanhã, a caravana enfrenta mais uma etapa exigente, onde a navegação e a fiabilidade mecânica voltarão a ser determinantes. E como ficou claro nesta etapa 3, no deserto nada está garantido — até à última duna.

Classificação após 3ª etapa