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Duelo de Campeões marcou a primeira etapa

ALEJANDRO MARTINS E JOSÉ MARQUES FORAM OS PRIMEIROS A LIDERAR A BAJA T.T. VINDIMAS DO ALENTEJO. MAS DEPOIS DA VITÓRIA NO PRÓLOGO, O MINI JOHN COOPER WORKS RALLY ACUSOU PROBLEMAS DE AQUECIMENTO E DESISTIRAM EM POUCOS QUILÓMETROS

A Baja T.T. Vindimas do Alentejo arrancou este sábado com uma jornada que deixa perspectivar uma nova temporada muito animada, ao nível do Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM|48. Mas um duelo de campeões marcou a primeira etapa, onde se evidenciaram os actuais titulares do CPTT e os que recentemente lhes passaram o testemunho. Por outras palavras, a etapa foi dominada por um intenso duelo entre as duplas João Ramos/Victor Jesus e Tiago Reis/Valter Cardoso. A Toyota dos primeiros andou quase sempre à frente, mas os quilómetros finais foi batida pelo Mitsubishi dos segundos; que passaram a primeiros…

Os primeiros heróis do dia foram Alejandro Martins e José Marques: na segunda participação ao volante do Mini John Cooper Works Rally, o piloto da AM|48 chamou a si a vitória no prólogo por apenas oito décimos de segundo. Foi mesmo por esta pequena margem que Alejandro Martins quebrou a invencibilidade de João Ramos nos prólogos!

Todavia, logo nos primeiros quilómetros, “o Mini começou a acusar um sobre-aquecimento do motor”, referiu à Todo Terreno José Marques, o navegador de Alejandro Martins. O registo no primeiro controlo de passagem, instalado ao fim de apenas 27,94 quilómetros, posicionava o Mini de Martins e Marques na penúltima posição. Os primeiros líderes levavam já um atraso de mais de um quarto de hora sobre os novos comandantes: João Ramos e Victor Jesus, que dispunham nesta fase de uma vantagem de 25,7 segundos sobre Tiago Reis e Valter Cardoso.

Como o motor do Mini não parava de aquecer além do normal, Alejandro Martins aproveitou a intersecção com uma estrada de asfalto para deixar o percurso. E o abandono foi a opção mais sensata para não massacrar a mecânica…

Só os dois mais rápidos trocaram de posições

Volvidos mais cerca de 120 quilómetros, a diferença entre os dois mais rápidos era praticamente a mesma, mas no último troço da etapa, as posições inverteram-se: o Mitsubishi Racing Lancer dos actuais Campeões de Portugal de T.T. regressaram a Beja com 25,3 segundos de avanço. E só nos derradeiros quilómetros, conseguiram o que ninguém esperava: recuperar um atraso de 24 ,6 segundos e conquistar tamanha vantagem!

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LOGO NO INÍCIO DO PRIMEIRO SECTOR SELECTIVO, JOÃO RAMOS E VICTOR JESUS ADIANTARAM-SE, MAS A TOYOTA HILUX NÃO TERMINARIA A ETAPA NA LIDERANÇA…

“Em cerca de 36 quilómetros, o Tiago conseguiu ganhar-me 50 segundos, o que nunca imaginei, pois mantive o mesmo ritmo, muito forte, sem erros ou quaisquer dificuldades”. Estas palavras são de João Ramos, que se revelou “absolutamente surpreso” com a inversão das posições.

Contudo, Tiago Reis disse-nos que “quando soube que estava a menos de meio minuto e ainda tinha cerca de uma trintena de quilómetros para percorrer, achei que ou arriscava tudo, ou ficava para trás”. E não só arriscou, como ganhou a jornada, protagonizando com Ramos e Victor Jesus um duelo de campeões de ainda está longe de concluído: domingo, repetem-se os 151,61 quilómetros deste sector selectivo, que a generalidade dos pilotos que escutámos, foi unânime em considerar “um dos mais interessantes de sempre!”

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UM ESFORÇO FINAL PERMITIU A TIAGO REIS E VALTER CARDOSO ASCENDEREM À LIDERANÇA DA PROVA, MESMO NA PARTE FINAL DO SECTOR SELECTIVO DE SÁBADO

Mini de Luís Recuenco monopoliza terceiro lugar

Ao longo de todo o sector selectivo, a terceira posição foi monopolizada pelo Mini Countryman de Luís Recuenco e Vitor Rodriguez. A dupla espanhola, os primeiros clientes da Mracing, depois do acordo de representação da X-Raid, foi sempre perdendo tempo para os dois homens da frente. À chegada a Beja somavam um atraso de cinco minutos e um segundo para o comandante. Mostrando estar cada vez mais familiarizado com o Mini que adquiriu a meio do ano passado, Recuenco só não conseguiu mesmo acompanhar João Ramos e Tiago Reis; mas manteve à distância os adversários que o seguiram na classificação. E nem sempre foi o mesmo piloto a surgir na posição imediata…

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A TERCEIRA POSIÇÃO DE LUÍS RECUENCO E VÍTOR RODRIGUEZ É, ENTRE OS PRIMEIROS, A QUE PARECE MAIS CONSOLIDADA. JÁ PERFEITAMENTE HABITUADO À CONDUÇÃO DO MINI ALL4 RACING, O PILOTO ESPANHOL É UM FÃ DAS PROVAS PORTUGUESAS!

Desde o prólogo e até pouco mais de metade do sector selectivo, o quarto lugar esteve por conta de Nuno Matos e Joel Lutas. Aliás, partiram mesmo para o primeiro sector selectivo à frente de Recuenco; mas depois, não só não conseguiram contrariar a recuperação do espanhol, como acabaram por atrasar-se. Nuno Matos explicou-nos que “o motor da Fiat Full Back proto foi perdendo gradualmente força e deixámos de conseguir manter o mesmo ritmo”. O que se reflectiu no resultado à chegada a Beja: foram sextos, atrás do Mitsubishi/Ford V8 de Manuel Correia e Miguel Ramalho, e da Ford Ranger de André Amaral e Nelson Ramos, que terminaram separados entre si por cerca de dois minutos.

E enquanto Manuel Correia estava bastante satisfeito com a sua prova, “pois correu tudo lindamente e deu-me muito prazer conduzir nestas pistas”, André Amaral também se lamentava que esperava melhor. Segundo este piloto, o motor V8 a gasolina da sua pick-up nem sempre trabalhou nas melhores condições. E já depois de concluído o sector selectivo, ainda apanhou um susto enorme, ao perder uma roda, quando seguia na estrada. De toda a maneira, André Amaral e Nelson Ramos tinham ficado no sexto lugar do prólogo, pelo que ainda subiram uma posição na classificação, ao terminarem a primeira etapa.

A maior recuperação entre os primeiros foi a de Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro. No prólogo, a dupla de Leiria colocou a sua Toyota Hilux na 11ª posição, mas no decorrer do primeiro sector selectivo, foram subindo lugares atrás de lugares. Entraram em Beja na sétima posição e entre os 10 melhores, foram eles quem ficou com a diferença mais reduzida para o concorrente anterior: apenas 15 segundos de atraso sobre a Fiat de Nuno Matos e Joel Lutas.

“Preocupámo-nos em descobrir o motivo da quebra de rendimento do motor e se esse problema estiver resolvido, domingo vamos atacar e procurar melhorar o resultado”, disse-nos Nuno Matos. Mas se o problema subsistir, “procuraremos apenas garantir uma classificação à chegada”, o que os tornará nuns adversários fáceis de bater, pela parte de Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro.

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PROTAGONISTAS DE UM DOS DUELOS MAIS INTENSOS DE QUE HÁ MEMÓRIA NO CAMPEONATO DE PORTUGAL, OS IRMÃOS RÉ EXPERIMENTAM NA BAJA T.T. VINDIMAS DE PORTUGAL UMA CATEGORIA DIVERSA: A T3, COM ESTE CAN-AM

Um Can-Am entre os dez mais rápidos…

Novidade nesta Baja T.T. Vindimas do Alentejo é a inclusão de viaturas do grupo T3 entre os participantes na corrida dos automóveis. Os “aventureiros” são os irmãos Alexandre e João Pedro Ré. Sem disporem na Volkswagen Amarok da South Racing, encontraram num Can-Am a “solução” que lhes permitiu vir correr ao Baixo Alentejo.

“Estas viaturas são muito divertidas, mas estão bastante limitadas em termos de velocidade de ponta. E isso limita-as especialmente, num traçado como o de Beja”, contou-nos Alexandre Ré. “Se atingissem mais velocidade, não me admiraria que batessem os automóveis”, considera o piloto de Aveiro, que concluiu a etapa de sábado na nona posição.

O Can-Am dos irmãos Ré terminou após a Nissan Pick-Up Proto de Luís Dias e Pedro Cunha Rego. E estes foram oitavos, depois de terem oscilado entre o sétimo e o décimo lugares. Coube ao Kia Sportage de Nuno Madeira e Filipe Serra fechar os 10 primeiros. Assinale-se que, na fase final, Madeira ganhou bastante terreno aos irmãos Ré. Mas ainda ficou 35 segundos atrás deles.

O grupo seguinte abriu com o BMW 316 Proto de David Spranger e Nuno Batalha, que foram protagonistas da recuperação mais expressiva: desde o prólogo até ao final do primeiro sector selectivo, melhoraram uma dezenas de posições.

Em pouco mais de 20 quilómetros, o BMW de Spranger passou diante de nós praticamente colado ao Mitsubishi Pajero de Carlos Faustino e Rui Gomes. Aproveitaram a aproximação lenta a uma passagem a vau para ultrapassarem este adversário. Na manobra, o BMW patinou sobre a lama e chegou a encostar-se a um dos lados do Mitsubishi. Mas Spranger estava determinado em melhorar o seu resultado e não tirou pé do acelerador. Acabou a etapa em 11º, depois de ter ultrapassado mais alguns adversários, além de se ter adiantado a dez deles!

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A NISSAN NAVARA V6 DE FRANCISCO BARRETO E CARLOS SILVA CONCLUIU A PRIMEIRA ETAPA NA LIDERANÇA DO GRUPO T8. DEPOIS DE UM ACESO DUELO COM HENRIQUE E JOÃO LOURENÇO

Duelo aceso pela liderança do grupo T8

Antes de terminar a etapa, o último concorrente que David Spranger conseguiu superar foi Francisco Barreto. O jovem piloto algarvio, na Baja T.T. Vindimas do Alentejo trocou de navegador, deixando Sérgio Cerveira de “folga”, para experimentar fazer uma corrida com Carlos Silva. Ainda Francisco não tinha nascido e já Carlos Silva participava em provas destas como navegador…

Começaram a prova na segunda posição do grupo T8, batidos pela Nissan D21 de Henrique e João Lourenço. Mas terminaram na liderança, colocando a Nissan Navara V6 assistida pela Prolama não só à frente, como ainda se adiantaram quase cinco minutos. Aliás, enquanto Francisco Barreto foi 12º em termos absolutos, Henrique Lourenço acabou a jornada no 14º lugar. A quebra de rendimento dos Lourenço, pai e filho, teve uma explicação: a meio da prova a alavanca da caixa de velocidades da Nissan cedeu e daí em diante tornou-se muito difícil prosseguir; entre os pilotos que travaram este aceso duelo pela liderança do grupo T8, colocou-se o Mercedes A 140 Proto de Jorge Cardoso e André Barras…

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PARA ESTA ÉPOCA, JOÃO FERREIRA E DAVID MONTEIRO DISPÕEM DO NISSAN PATHFINDER QUE O ANO PASSADO FICOU À FRENTE DELES NO CAMPEONATO. E AGORA, SÃO ELES QUE LIDERAM O GRUPO T2…

João Ferreira e David Monteiro na dianteira do grupo T2

Quanto ao grupo T2, reduzido nesta prova a apenas um par de equipas, a primazia nem sequer suscitou discussão. Assistiu-se ao domínio absoluto do Nissan Pathfinder de João Ferreira e David Monteiro! Procurando não esforçar desnecessariamente a mecânica, a dupla de Leiria acabou a etapa com quase 40 minutos de avanço. Os únicos adversários que encontraram em Beja são os também jovens João Franco e Pedro Inácio. Este intervalo traduz ainda cinco posições de diferença, em termos absolutos: o Pathfinder de Ferreira parte para a etapa final no 22º posto, cabendo à Nissan Pick-up de Franco o 27º e penúltimo lugar.

Adiante-se que Cesário Santos e Alexandre Gomes, que concorrem com uma Nissan Pick-Up D21, são os protagonistas da derradeira posição; para percorrer os 151,61 quilómetros do sector selectivo, só por um minuto não gastaram o dobro do tempo que Tiago Reis e Valter Cardoso demoraram no sector selectivo. Nem sequer podemos comparar um dos melhores carros de competição, desenvolvidos expressamente para todo terreno, com uma pick-up que além de bastante antiga, parece quase de série…

Texto: Alexandre Correia Fotos: Aifa/Rui Reis/Jorge Cunha/Albano Loureiro

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