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Hoje é um dia histórico para o todo terreno

Hoje é um dia histórico para o todo terreno! Junto ao Mar Vermelho, no nordeste da Arábia Saudita, onde há cerca de três meses passou a caravana do Rali Dakar, arranca um novo conceito de competição: a Extreme E, versão fora de estrada da Fórmula E. Idealizada pelo criador destas provas em circuito de asfalto, o espanhol Alejandro Agag, a Extreme E foi recebida com cepticismo, quando foi apresentada, há quatro anos. Dizia-se que era o futuro. E o futuro é já hoje…

O dinamismo de Alejandro Agag merece os nossos aplausos. Foi o criador da Fórmula E, as corridas de monolugares movidos exclusivamente por motores eléctricos, em circuitos de asfalto. Hoje, já ninguém tem dúvidas quanto a essa realidade e ao seu sucesso. Mas este espanhol não esperou que o projecto alternativo à Fórmula 1 consolidasse para propor a variante todo terreno. Fê-lo há dois anos, quando a Fórmula E ia na sua quinta temporada – arrancou em 2014 – e escolheu um dos eventos mais marcantes para a nova revelação: o Festival de Goodwood, em Inglaterra, onde apresentou um buggy eléctrico, desenvolvido para provas de todo terreno. Esse foi também um dia histórico.

Claro que a primeira reacção foi de alguma negação: sendo as provas de todo terreno normalmente maratonas de longa distância, como se resolvia a questão dos recarregamentos? Porque usados no máximo, os motores eléctricos são vorazes a esgotar a capacidade das baterias. E isso já se sabia há uns anos. O que não se sabia era o modelo de competição idealizado por Agag. Não tem nada a ver com o que conhecemos das provas de todo terreno. Inspira-se claramente no formato das corridas de ralicross, que se resolvem em poucas voltas, mas de forma especialmente intensa.

Oito equipas mistas tornam este dia histórico que nunca

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OS DEZASSEIS PILOTOS QUE ALINHAM NA PRIMEIRA TEMPORADA DA EXTREME E: DA ESQUERDA PARA A DIREITA, OLIVER BENNETT (GBR), HISPANO SUIZA XITE ENERGY TEAM, CHRISTINE ‘GZ’ GIAMPAOLI ZONCA (ESP), HISPANO SUIZA XITE ENERGY TEAM, CARLOS SAINZ (ESP), ACCIONA | SAINZ XE TEAM, LAIA SANZ (ESP), ACCIONA | SAINZ XE TEAM, CRISTINA GUTIERREZ (ESP), X44, SEBASTIEN LOEB (FRA), X44, TIMMY HANSEN (SWE), ANDRETTI UNITED EXTREME E, CATIE MUNNINGS (GBR), ANDRETTI UNITED EXTREME E, KYLE LEDUC (USA), SEGI TV CHIP GANASSI RACING, SARA PRICE (USA), SEGI TV CHIP GANASSI RACING, STEPHANE SARRAZIN (FRA), VELOCE RACING, JAMIE CHADWICK (GBR), VELOCE RACING, JOHAN KRISTOFFERSSON (SWE), ROSBERG X RACING, MOLLY TAYLOR (AUS), ROSBERG X RACING, MATTIAS EKSTROM (SWE), ABT CUPRA XE, CLAUDIA HURTGEN (GER), ABT CUPRA XE, JENSON BUTTON (GBR), JBXE EXTREME-E TEAM, E MIKAELA AHLIN-KOTTULINSKY (SWE), JBXE EXTREME-E TEAM

Formato compacto, mais inspirado no ‘ralicrosse’

O modelo destas provas distingue-se por diversos factores invulgares. O primeiro deles é que cada viatura tem dois pilotos: um homem e uma mulher. Quem parte primeiro ao volante, ninguém – nomeadamente os adversários – sabe até ao último momento. E cada sessão tem apenas duas voltas, com uma paragem a meio para troca de lugares. O navegador da primeira volta conduz na segunda, mas ao não se saber quem começa, assegura-se um verdadeiro confronto de género. Também por isso, este será um dia histórico, pois jamais aconteceu algo assim no desporto automóvel!

Para que o equilíbrio seja o maior, todos os carros são rigorosamente iguais. Cada equipa pode apenas adoptar a sua decoração, mas nem nas formas da carroçaria toca! E este buggy, dotado de dois motores eléctricos, com uma potência combinada de 550 cv de potência, acelera dos 0 aos 100 km/h em apenas 4,5 segundos.

O programa, hiper-compacto, compreende na primeira jornada os treinos cronometrados, que irão criar um primeiro escalonamento. Os três mais rápidos ganham automaticamente o direito a participar na semi-final, enquanto os restantes são remetidos para uma ‘crazy race’. O último da semi-final é excluído, mas o vencedor da ‘crazy race’ é premiado com um lugar entre os três que disputam a final. Adiante-se que o percurso tem 18 quilómetros de extensão e que cada sessão, seja de treinos, semi-final ou corrida, terá apenas duas voltas!

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CARLOS SAINZ TROCA IMPRESSÕES COM A SUA COMPANHEIRA DE EQUIPA, LAIA SANZ, ANTES DESTA ARRANCAR PARA A PRIMEIRA VOLTA DO ‘SHAKE-DOWN’. NAS SESSÕES OFICIAIS, SÓ NO ÚLTIMO MOMENTO SE SABERÁ QUEM VAI ESTAR AO VOLANTE

texto: Alexandre Correia Fotos:Charly Lopez e Sam

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